terça-feira, 11 de abril de 2006

Superproteção, Paranóia e sua família.

Uma das coisas que mais me constrange no perfil que a sociedade moderna vêm desenvolvendo, é o constante aumento da superproteção na relação entre pais e filhos.

Tornou-se uma verdadeira paranóia. Cada vez mais pais caem na ilusão que é a superproteção. Por que ilusão? Será que não é visível o quão prejudicial isso vai ser, na realidade? Os pais esqueceram-se que seus filhos crescem, aprendem, e que vão precisar aprender as cruéis regras de sobrevivência em um mundo, que não é a redoma que seus familiares lhe criaram.

A superproteção acorrentou as crianças e jovens dentro de uma jaula que deveria lhe proteger a todo custo, mas que na verdade não tem grade nenhuma, acabando por causar o efeito inverso ao desejado.

Um dos motivos para tais atitudes pode ser facilmente percebido: constante aumento da violência. O medo de que o pior possa acontecer aos seus descendentes fez com que os pais se agarrassem numa ilusão, na falta aparente de uma alternativa melhor.

Quem está lendo isso poderia acreditar que esse que vos escreve é mais um filho desses que descobriu a prisão onde vivia e está revoltado com seus pais. Mas gratificantemente eu posso afirmar que não, não é essa a verdade. meus pais sempre agiram no sentido inverso á essa superproteção, propiciando-me meios de me preparar para encarar o mundo e suas tribulações. E assim é com a maioria das pessoas de faixa etária semelhante à minha ou mais velhos. Porém o problema está nas gerações mais novas.

E acabei percebendo o tal quadro social justamente no exercício do Escotismo, movimento onde já passei mais de metade de minha vida. Em tempos passados, as atividades que desenvolvíamos no Escotismo eram muito mais "rigorosas" por asim dizer, e os pais que colocavam seus filhos dentro do movimento, sabiam o que estavam fazendo, e aceitavam que seus filhos passassem por tais situações.
Porém, com o avançar dos anos, os princípios que eu conheci de início foram desvirtuando-se, até atingir proporções alarmantes. Os pais colocam seus filhos dentro do movimento com o intuito de lhe "proporcionar um lazer no final de semana", e não permitem que eles se sujeitem à qualquer tipo de atividade que possa ser muito severa. O que antes era encarado com naturalidade, tornou-se motivo de pavor. E para agravar o quadro, os dirigentes do movimento acabaram por aderir ao pensamento, pois eles também são pais e pensam como a maioria da sociedade. Aí a coisa degringolou de vez.

E esses grilhões estão impedindo o desenvolvimento adequado das capacidades e talentos daqueles que estão tentando aprender a caminhar na sociedade de hoje. Por conseqüência, como dizem que os jovens e crianças de hoje são o futuro da sociedade, o que podemos imaginar de nosso futuro? Essa paranóia preocupa minhas perspectivas nesse sentido.

Então, deparando-me com um quadro desagradável, pergunto-me: como mudar essa situação, se é que é possível fazê-lo? Não, não tenho idéia de como isso pode ser feito. Escrevi isso até o momento com o único intuito de levantar tais indagações para que outros possam refletir, se já não o fizeram. E assim concluo, sem nada concluir.