sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

A suprema arte de defecar silenciosamente

Apesar de parecer algo absurdo inicialmente falando, a arte de defecar silenciosamente é uma prática que é desenvolvida por diversas pessoas ao redor do globo, cada qual à sua maneira. É um caso singular, onde milhões de indivíduos acabaram por desenvolver uma mesma técnica sem, no entanto, compartilhar seus conhecimentos a respeito de tal técnica com outras pessoas. Cada indivíduo aprendeu sozinho a descomer de maneira taciturna, o que tornou esse método algo mundialmente usado pelos indivíduos da espécie humana.

Vamos colocar as coisas de maneira mais contextualizada, para ficar mais claro.
Sabe quando você está no banheiro do seu local de trabalho, precisando cagar, e você sabe que próximo à porta do banheiro está seu chefe? Ou então aquela sua colega de trabalho que você está planejando convidar para sair faz tempo? Então, aí chegamos ao ponto onde a dita técnica entrará em ação. Pois você está decidido a não fazer nenhum barulho estranho e alto durante o processo, afinal, você não quer "sujar" sua imagem com tais pessoas. Então você fará o máximo possível para que tudo ocorra de maneira sigilosa, sem alardes, para sair do banheiro com a cabeça erguida e sem remorsos por aquilo que já foi feito.

Vale então ressaltar alguns dos métodos que constituem essa técnica tão útil.

Primeiramente: ter calma. Afinal, se você for realizar tudo com pressa, você não conseguirá exercer o domínio completo de seu esfíncter, e praticamente com certeza algum barulho constrangedor irá escapar. Seja aquela famosa flatulência que anuncia a chegada da bosta incontestável, seja qualquer outro som advindo do processo de transição de ambiente pelo qual as fezes estão passando. Então o negócio é ter calma, fazer tudo devagar, que tudo sairá baixinho e tranqüilo.

Segundo: conhecer o design do vaso sanitário. É indispensável que se tenha conhecimento de onde você vai depositar seus excrementos. Afinal, quando o mesmo atingir seu destino, ele produzira algum som, inevitavelmente. Esta parte consiste então em evitar aquele alarmante som da matéria fecal colidindo contra a lâmina da água da privada. E isso é feito através do posicionamento estratégico da bunda de maneira que o caminho a ser realizado pelo cocô acabe exatamente nas paredes laterais do vaso, evitando qualquer som elevado, garantindo a furtividade do ato. Vale ressaltar que esse é um procedimento que envolve cálculos milimétricos e, eventualmente, uma boa dose de prática, até encontrar as posições mais adequadas.

Terceiro: limpando o fiofó. A conclusão do processo se dá nessa etapa, quando será necessário que o procedimento de limpeza anal não estrague toda a ação realizada até aqui. E novamente a palavra de ordem aqui é: calma. Desenrolar o papel lentamente, dobrá-lo sem espalhafato, e friccioná-lo suavemente, ainda que diversas vezes, são alguns processos que ajudam a garantir o sucesso do ato.

Quarto: detalhes finais. Sim, ainda há alguns detalhes que devem ser levados em conta para finalizar tudo com o máximo de eficácia. Entre esses detalhes, pode-se citar 1) Odorização: saber camuflar os vestígios aromáticos é imprescindível. E vale tudo aí, desde abusar dos aerossóis quando disponível, até riscar fósforos ou esperar mais tempo no recinto, cheirando tudo; 2) Limpeza: não é tão essencial, mas é bom que o local permaneça tão limpo quanto antes, ou mais limpo, se possível. Limpar vestígios do vaso com aquelas escovas específicas para essa ação, dar descargas a mais, não deixar que papéis sujos fiquem visíveis facilmente, etc.; 3) Aparência: não adianta você fazer isso tudo e depois sair do banheiro totalmente suado pelo esforço recém realizado. Se necessário, lave-se bem e seque-se por completo. E, claro, saia com ar triunfante e superior.

Após essa explicação a respeito dessa arte, acredito que tenha ficado mais claro no que ela consiste. Muito provavelmente por que você se identificou com alguns dos procedimentos e/ou situações citadas, e acabou percebendo que você também é um praticante desse tão renomado hábito.

Claro que faltou mencionar muita coisa, e você provavelmente possui todo um conjunto de ações que ajudam a incrementar o processo, assim como eu. Afinal, eu só mencionei as técnicas mais explícitas, já que o segredo pessoal é algo que ajuda essa arte a ser tão importante e refinada.

Agora, quando você estiver no banheiro e não tiver a necessidade de ser sigiloso, aproveite! Afinal, oportunidade assim não acontece sempre.

domingo, 26 de novembro de 2006

Perguntas erradas

Assistindo novamente ao magnífico filme Oldboy durante essa semana, acabei pensando melhor em uma questão que é levantada durante certa parte do filme.

No caso, o personagem principal, Oh Daesu, que passou 15 anos trancado em um quarto sem saber os motivos, é solto, e depois de solto ele resolve descobrir quem o aprisionou e o motivo. Quando ele encontra o sujeito, este lhe explica que Daesu estava se fazendo a pergunta errada. No caso, ao invés de Oh Daesu perguntar-se o motivo pelo qual ele fora preso, ele deveria perguntar-se o motivo pelo qual foi solto depois desses 15 anos. O desenrolar da trama se dá muito bem, mostrando que essa era realmente a maior questão a ser feita no caso de Daesu.

Passando a mensagem do filme para a realidade, percebemos que, de fato, a humanidade sofre muito dessa grave doença que é sempre buscar as resposta certas partindo de perguntas erradas.
E parece que quanto mais insistimos no erro, mais gostamos dele e mais nos viciamos na coisa.

E por que isso acontece? Bem, aí já não saberia responder com exatidão. Mesmo por que talvez essa nem seja a pergunta certa.

domingo, 20 de agosto de 2006

Morte à Humanidade

O conteúdo deste post é quase idêntico a outro que eu mesmo publiquei em um fórum (Valinor), porém em uma seção não-publica. Aproveito então para colocar aqui, publicamente, o conjunto de idéias contra a humanidade que é o conteúdo do texto, com algumas alterações do original.


Que possamos viver muito e desaparecer

Essa é a filosofia do VHEMT, sigla para Voluntary Human Extinction Movement (Movimento de Extinção Humana Voluntária).

Antes de dar qualquer continuidade ao assunto, passo o link do Movimento:
http://www.vhemt.org/

Tem aí também a página em português, mas ela contém muito menos informação que a em inglês, então é preferível que leiam a original mesmo.

Pronto. Agora vamos analisar um pouco a coisa.

- Viver muito e desaparecer? Wtf?

A princípio o nome do movimento pode parecer algo radical demais, quando na verdade não o é. Isso se confirma na própria filosofia. O VHEMT não é um movimento que prega a matança de seres humanos e a propagação de doenças que venham a nos eliminar.

A proposta do Movimento é simples: a de que cada ser humano não se reproduza, a fim de terminar a existência da raça humana na Terra. Vivamos uma vida saudável, porém sem filhos.

- Mas por quê?

Por que o ser humano é o vírus do planeta, que intitulamos “nosso”. Claro, esse é um clichê que com certeza você já ouviu, e apesar de provavelmente concordar não consegue sequer pensar em um mundo sem nós.

O VHEMT pensa na natureza como um todo. Preferível extinguir uma raça, o Homo Sapiens, do que milhares em nome da mesma. Basta analisar a situação humana perante a da natureza, que é fácil perceber essa lógica.


Se você leu boa parte do que há no site (e espero que o tenha feito), talvez eu esteja repetindo coisas que já foram explicadas. Portanto vamos partir mais para as conclusões pessoais que cada um tem dessa idéia.

Vocês conseguem pensar em como o ser humano é um lixo? Talvez eu esteja generalizando demais não? Bem... talvez possamos dizer que há sim pessoas incríveis nesse mundo, etc., mas inconscientemente ou não, nós ferramos com o mundo, sem exceções. Ou você não produz lixo? Não consome agua potável à vontade? Não consome produtos que vem de indústrias que poluem o meio ambiente? Ou não come carne?

Ok, eu sei muito bem que esse papo ecológico e tudo o mais é outro clichê batido, mas aí que eu coloco o ponto que o VHEMT aborda: você consegue imaginar que a melhor solução para isso é a extinção da raça humana? E que nós devemos colaborar para isso, se realmente nos preocupamos com a vida de modo mais amplo? Não basta esperarmos um meteoro colidir contra o planeta, ou o fim do sistema solar. Acabaríamos morrendo de sede, fome e outros fatores muito antes, mas até levaríamos muita outras espécies conosco. Cessando a reprodução humana, estaríamos contribuindo também para evitar esse sofrimento.

Não acho um radicalismo assim tão grande o ato de não ter filhos. Há países Europeus onde o crescimento demográfico tem sido negativo. Considerando a natureza humana, assim como a de qualquer entidade viva, isso vai contra "dogma" de se reproduzir para perpetuar a espécie. Mas somos racionais (gotcha!), e podemos usar disso para tomar tal resolução. Ainda assim há inúmeras barreiras religiosas, culturais, etc., mas nem tudo pode ser assim tão fácil quando o propósito é algo de âmbito mundial, abrangendo pessoas. Utopia talvez seja uma boa definição para essa idéia. Ainda vale dizer que as atitudes que os voluntários devem tomar não se resumem e não procriar. O objetivo de extinção da raça humana interliga outros aspectos, como a ajuda ao meio ambiente, a racionalização dos recursos, e tudo o mais que vocês já conhecem.

Agora deixe que eu mesmo aponte a principal falha dessa proposta: somente indivíduos mais instruídos serão capazes de analizar essa idéia a sério, e levá-la para a prática. Por conseqüência, somente as pessoas mais instruídas irão desaparecer do globo, enquanto a burrice residente na maioria das mentes irá continuar se perpetuando, de maneira exponencial, o que agrava a situação. E isso faz com que essa idéia jogue contra si mesma.

Ou seja: a teoria é nobre, muito nobre, mas a prática é complicada, e deveras utópica. Já as práticas "viáveis" não dão o resultado necessário. Qual medida ecológica deu algum resultado significativo para a situação em âmbito global até hoje? Temos muita coisa escrita em documentos como a Agenda 21, mas nada que tenha sido instaurado de maneira ferrenha e eficaz, apesar de que esse tipo de proposta já está aí a mais de 20 anos.

Passarão mais 20 anos, e a coisa não vai ter melhorado, e assim prosseguirá.
Um verdadeiro beco sem saída, que nós mesmos construímos, e do qual não temos a capacidade de desviar e voltar atrás.

Finalizando, deixo aí no fim um vídeo que deve ajudar a abrir um pouco a mente de quem tiver o empenho de assistir. Ao menos até que nossa memória nos faça esquecer disso, e voltemos ao nosso cotidiano alienado.  

Trata-se de um documentário chamado Earthlings (Terráqueos), que possui cerca de 90 minutos. Não diz respeito direto à questão de extinção da humanidade, mas sim da nossa relação com os outros seres-vivos deste planeta. E a partir daí percebemos o quanto somos detestáveis.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Superproteção, Paranóia e sua família.

Uma das coisas que mais me constrange no perfil que a sociedade moderna vêm desenvolvendo, é o constante aumento da superproteção na relação entre pais e filhos.

Tornou-se uma verdadeira paranóia. Cada vez mais pais caem na ilusão que é a superproteção. Por que ilusão? Será que não é visível o quão prejudicial isso vai ser, na realidade? Os pais esqueceram-se que seus filhos crescem, aprendem, e que vão precisar aprender as cruéis regras de sobrevivência em um mundo, que não é a redoma que seus familiares lhe criaram.

A superproteção acorrentou as crianças e jovens dentro de uma jaula que deveria lhe proteger a todo custo, mas que na verdade não tem grade nenhuma, acabando por causar o efeito inverso ao desejado.

Um dos motivos para tais atitudes pode ser facilmente percebido: constante aumento da violência. O medo de que o pior possa acontecer aos seus descendentes fez com que os pais se agarrassem numa ilusão, na falta aparente de uma alternativa melhor.

Quem está lendo isso poderia acreditar que esse que vos escreve é mais um filho desses que descobriu a prisão onde vivia e está revoltado com seus pais. Mas gratificantemente eu posso afirmar que não, não é essa a verdade. meus pais sempre agiram no sentido inverso á essa superproteção, propiciando-me meios de me preparar para encarar o mundo e suas tribulações. E assim é com a maioria das pessoas de faixa etária semelhante à minha ou mais velhos. Porém o problema está nas gerações mais novas.

E acabei percebendo o tal quadro social justamente no exercício do Escotismo, movimento onde já passei mais de metade de minha vida. Em tempos passados, as atividades que desenvolvíamos no Escotismo eram muito mais "rigorosas" por asim dizer, e os pais que colocavam seus filhos dentro do movimento, sabiam o que estavam fazendo, e aceitavam que seus filhos passassem por tais situações.
Porém, com o avançar dos anos, os princípios que eu conheci de início foram desvirtuando-se, até atingir proporções alarmantes. Os pais colocam seus filhos dentro do movimento com o intuito de lhe "proporcionar um lazer no final de semana", e não permitem que eles se sujeitem à qualquer tipo de atividade que possa ser muito severa. O que antes era encarado com naturalidade, tornou-se motivo de pavor. E para agravar o quadro, os dirigentes do movimento acabaram por aderir ao pensamento, pois eles também são pais e pensam como a maioria da sociedade. Aí a coisa degringolou de vez.

E esses grilhões estão impedindo o desenvolvimento adequado das capacidades e talentos daqueles que estão tentando aprender a caminhar na sociedade de hoje. Por conseqüência, como dizem que os jovens e crianças de hoje são o futuro da sociedade, o que podemos imaginar de nosso futuro? Essa paranóia preocupa minhas perspectivas nesse sentido.

Então, deparando-me com um quadro desagradável, pergunto-me: como mudar essa situação, se é que é possível fazê-lo? Não, não tenho idéia de como isso pode ser feito. Escrevi isso até o momento com o único intuito de levantar tais indagações para que outros possam refletir, se já não o fizeram. E assim concluo, sem nada concluir.